Opinião
Projeções para um novo ano 2024
06/02/2024

Como sempre acontece no início de cada ano, é tempo de fazer um prognóstico das tendências do mercado imobiliário acrescentando alguns insights que podem ser úteis a investidores e compradores. Vamos conhecer primeiro o panorama europeu?
Segundo o relatório “The Lighthouse H1 2024 – European Property Market Outlook” do BNP Paribas REIM, aproxima-se um período de transição robusta. A Europa vem de um 2023 marcado pela diminuição de capitais e pela prudência dos investidores, o que se traduziu numa queda geral nas transações o que, por sua vez, afetou os mercados.
Em 2024, os investidores são aconselhados a manter o foco na ação, reinvestindo o seu capital e equilibrando o seu portfólio, provendo-o de imóveis com maior valorização a curto e médio prazos, como apartamentos, empreendimentos ligados à saúde, mas também hotéis e escritórios em zonas empresariais, com especial destaque para a qualidade da construção.
Este ano, teremos algumas mudanças que irão favorecer a recuperação gradual do setor – falo da provável descida dos juros por parte do Banco Centro Europeu –, ajudados por uma inflação inferior, mercados de trabalho sólidos com melhores remunerações salariais, o que resultará numa melhoria da economia. Contudo, a recuperação não será ordenada, ou seja, cada país e cada tipo de propriedade terá a sua própria trajetória. O que nos leva à análise do panorama português.
Estamos todos interessados em perceber se 2024 será um bom ano para comprar casa. Dificuldades como o acesso ao crédito, taxas de juro altas e a inflação fizeram com que, no ano passado, as vendas diminuíssem em 20%, apesar de há três trimestres apresentarem uma ligeira subida (no quarto trimestre de 2023, chegando aos 2%). Os nossos dados internos corroboram esta tendência: 2023 fechou em baixa, com um decréscimo do número de casas vendidas de 20%, num total de 133 mil transações e o volume de negócios cerca de 16%, dos 32 mil milhões em 2022 para 27 mil milhões de euros, em 2023.
A descida dos juros, que talvez possa acontecer no próximo verão, aliada à descida da Euribor até podem trazer alguma esperança aos compradores, mas a verdade é que a realidade portuguesa faz com que o mercado reaja de forma diferente. Apesar da estabilização prevista, as características singulares do país mantêm-se:
Continua a existir um desequilíbrio entre a oferta e a procura;
A procura continua a estar em alta, muito impulsionada pela procura internacional;
O aumento dos custos de construção não permite uma descida dos custos da produção.
A minha recomendação? Que não perca mais tempo. Há dez anos que o preço da habitação sobe e tudo indica que ainda não é este ano que a vamos ver a inverter este sentido, apesar de se prenunciar uma continuação da desaceleração da procura e do ritmo de vendas. Estarei atenta às transformações que este ano realmente trará ao setor mobiliário.
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