Os principais desafios das cidades portuguesas

Os dois maiores desafios das cidades portuguesas, na atualidade, são a oferta de habitação a preços acessíveis e a melhoria da mobilidade.

Desde a crise financeira que não há uma aposta séria na promoção de habitação para a classe média. Há uma clara falta de oferta que vai agravar-se nos próximos anos. Com a atual situação macro-económica de subida das taxas de juro, e inflação alta, as poucas casas novas em oferta são cada vez mais caras. Uma boa parte das famílias vai deixar de ter condições para comprar casa e a oferta para arrendamento é inexistente. Tanto o governo como as autarquias não conseguiram, ainda, motivar os promotores para a promoção de habitação através dos programas de arrendamento acessível, uma vez que são excessivamente complexos e burocráticos e, principalmente, porque não são financeiramente viáveis.

Quanto à melhoria da mobilidade, é um problema difícil de resolver porque não depende de decisões individuais municipais. Há uma desarticulação entre os municípios há décadas, o que resultou em urbanizações desregradas, territórios fragmentados e segregados, mal conectados entre si e com deficientes condições de mobilidade e acessibilidade. As grandes cidades de Lisboa e Porto ainda concentram as principais funções de serviços e equipamentos, obrigando a movimentos pendulares intensos entre as periferias e os centros, com as deslocações a abrangerem distâncias cada vez maiores, sendo que a maioria ocorre em transporte particular.